Ao chegarmos ao local onde os comandantes nos esperavam com o exército, pudemos ver em seus semblantes que havia expectativa para que se começasse logo a batalha. Tinham confiança em Deus e estavam certos de que a luta seria renhida. Lutavam para libertar um local abençoado, onde o trabalho de crescimento espiritual era o grande baluarte.
- Chegou a hora, comandantes, de colocarmos um fim a essa questão – afirmei aos generais. - Vamos detalhar os planos de ataque para obtermos a vitória.
Então discutimos os afazeres de cada grupo e os planos para cada etapa.
Em vinte minutos já estávamos montados em nossos cavalos. Num tropel sem fim agregaram-se aos nossos cavaleiros mais de seiscentos guerreiros mongóis, samurais e indígenas. A miscigenação de cores dos uniformes e vestimentas dava um colorido especial aos guerreiros. Seguimos à frente para levar a efeito o primeiro plano do dia. Os generais e seus exércitos viriam a seguir.
O silêncio da manhã estava sendo quebrado pelo barulho dos cascos dos cavalos que marchavam a passo lento. Apressamos o passo e o barulho dos cascos começou a se tornar ensurdecedor. Seguíamos em filas de quatro cavaleiros e podíamos vislumbrar que a coluna era enorme.
Enquanto nos dirigíamos pela estrada principal, começamos a ouvir o barulho dos tambores incentivando os soldados do acampamento a atacar a cidade. Ao transpormos a pequena elevação pudemos visualizar os atacantes em grande número combatendo ferozmente os inimigos na fortaleza.
Esse grupo poderia ser chamado de primeiro pelotão. O segundo pelotão dos inimigos permanecia a trezentos metros no limiar do acampamento, esperando para atacar. Um terceiro pelotão esperava no centro do acampamento. O comandante geral estava junto a esse terceiro pelotão. Auxiliares levavam as ordens de ataque.
Num relance atinamos para a situação e resolvemos agir sem perda de tempo.
Convocamos os comandantes dos grupos e demos a ordem para atacar. Todos usariam arcos e flechas no embate. Os mongóis atacariam o primeiro pelotão inimigo. Os indígenas enfrentariam o segundo pelotão, enquanto nossos cavaleiros do Contestado e os samurais atacariam o terceiro pelotão no centro do acampamento.
Foi questão de minutos e nossos guerreiros já estavam disparando flechas contra os inimigos. Eles foram tomados de surpresa, pois não haviam notado nossa presença. Os inimigos do primeiro pelotão ficaram entre dois fogos: da muralha e dos mongóis. O segundo pelotão procurou se defender usando escudos improvisados. O terceiro pelotão, quando se deu conta, já estava sendo atacado onde jamais pensariam: no coração do quartel general.
Os inimigos que se feriam com as flechas, saíam de combate, sentindo dores como se estivessem encarnados. Não morrem, mas sentem perder as forças sob o efeito dos ferimentos.
O ataque foi tão rápido e devastador que deixou os inimigos perplexos. Os grupos mantiveram os batalhões sob ataque e depois contornaram o acampamento, voltando a atacar, agora utilizando espadas. Foi um combate sem tréguas e sem descanso. O inimigo sofria pesadas baixas.
Os soldados do primeiro pelotão ficaram isolados e logo tiveram que se render. Os do segundo pelotão voltaram para o centro do acampamento para junto ao comandante, enquanto enfrentavam nossos guerreiros.
Nesse instante o exército chegou e seguiu para o limiar do acampamento, enfrentando os primeiros oponentes. Nossos cavaleiros estavam no lado oposto e fecharam o cerco. No acampamento os inimigos estavam desnorteados e procuravam se reagrupar para restabelecer as forças. A confusão era enorme.
Nesse instante o comandante chamou seus atendentes e expediu ordens. Sequazes saíram correndo para uma tenda ao lado e de lá puxaram os reféns.
Quando os reféns foram posicionados ao lado do comandante, este fez um sinal e todos os seus comandados se calaram. Nossos guerreiros também pararam de lutar. Então ele gritou para que pudéssemos ouvir:
- Temos aqui algumas pessoas da cidade. São de famílias dos administradores. Vocês querem que os mutilemos? Saiam daqui e voltem para o lugar de onde vieram.
O comandante gritava a plenos pulmões e todos o podiam ouvir.
- Vocês sabem o que podemos fazer com esses jovens, por isso saiam deste lugar – gritava o comandante, já desesperado.
- Tenha calma, comandante – gritou o general Augusto. – Deus quer que todos sejam felizes no mundo. Abaixem as armas e vamos conversar. Com certeza haveremos de alcançar um entendimento.
- Deus? Quem é esse Deus? – Perguntou – Esse mesmo Deus me fez sofrer demais em minha última encarnação e tirou de mim as pessoas mais queridas. Esse Deus não é justo e por isso luto contra Ele. Se Ele usou de vingança contra mim, agora uso de vingança contra os seus súditos.
- General, vamos conversar e deixar a batalha de lado – gritou novamente o general Augusto.
- Sem conversa. Saiam imediatamente daqui senão causarei danos a esses jovens. – respondeu o comandante.
Ele não aceitava conversar, pois o seu objetivo era destruir o trabalho de Deus através da tomada da cidade. Ele estava disposto a fazer o que fosse preciso para alcançar isso.