Enquanto nossos guerreiros se organizavam acomodando os diversos Espíritos em carruagens, resolvemos que seguiríamos até o local onde se encontravam os samaritanos e Espíritos que estavam trabalhando para libertar parentes que permaneciam na região.
Solicitamos a Marilda e Andréia que nos guiassem pelos carreiros que conduzem a um povoado nos limites do umbral com as regiões de trevas.
Seguimos em fila indiana tendo à frente Luiz Dam seguido por Maria Rosa, Bruno e Luisinho. Vinte de nossos cavaleiros nos acompanhavam.
Bruno tinha o rosto lívido, pois o medo se estampava em sua face demonstrando que ainda precisava de muitas andanças para adquirir forças suficientes para enfrentar as forças inferiores.
- Não tenha medo Bruno – falei enquanto tocava em seu braço – estamos aqui para trabalhar e não temos nada a temer.
- O problema é que sou inexperiente em viagens por essas regiões escuras.
- Foi por isso que o Dr. Bezerra permitiu que viesses conosco nesta excursão.
- Sei que enfrento problemas de adaptação, mas tenho certeza que estou bem protegido estando com vocês.
- Fique de olhos bem abertos e esteja atento a qualquer acontecimento que surja.
- O que é que pode nos acontecer?
Bruno nem bem terminou a frase e surgiu à nossa frente um grupo de Espíritos no primeiro descampado que avistamos. Eram mais de vinte Espíritos portando armas e nos encarando.
- Alto lá! – ordenou o chefe do bando, um homem carrancudo, vestido como caçador, com botas de cano alto e casaco de couro marrom com franjas nos ombros.
- Viemos em missão de paz – disse Maria Rosa.
- Missão de paz? – arguiu o chefe – Quem é que chega nessas regiões em missão de paz?
- Sabemos que muitos grupos de Espíritos perambulam por aí sem destino – respondeu nossa guerreira. - Nós não viemos aqui para incomodar quem quer que seja.
- Se vocês estão aqui e formam um grupo, com certeza, estão à procura de encrencas – afirmou o homem com certa arrogância.
Afirmo que estamos em missão de paz!
- Se vocês não conhecem nossas leis, vamos ensinar como as coisas funcionam por aqui.
O grupo cercou-nos e tomou posição de combate. O chefe e dois comparsas atacaram Luiz Dam e Maria Rosa que se defenderam rebatendo os golpes com suas espadas. Foi um alvoroço entre os atacantes que vieram ao nosso encalço.
Concentramos e vimos uma barreira de luz formar-se ao nosso redor. Luzes eram emitidas da barreira e isso os afugentava. Em minutos haviam desaparecido e o local ficou silencioso.
Observei que no final do descampado havia três estradas que davam acesso ao umbral mais grosso. Qual o caminho que teríamos que seguir? Perguntei a Marilda e ela não soube me dizer qual era a estrada certa. Disse-me que estava confusa devido aos acontecimentos, mas tinha a intuição de que fosse a da direita.
Nesse instante ouvimos alguém chamar por Andréia. Ela virou-se e sorriu. Correu e abraçou o recém-chegado. Era seu irmão Marcos.
- Graças a Deus você está bem, irmãozinho! – disse Andréia. - Finalmente nos encontramos.
- Estive sempre por perto para tentar resgatá-la, mas o Ari e seu bando nunca me permitiram chegar perto de você.
- Temos que encontrar o lugarejo onde estão os Samaritanos e outros Espíritos presos.
- Eu conheço o lugar. Temos que pegar a estrada da direita.